Criei este blog com o incentivo dos meus amigos...amigos corujas que sempre elogiaram meus textos e me deram coragem para que eu os tirasse das gavetas ou das pastas do computador....















sexta-feira, 18 de março de 2011

Escrever dói.

O processo criativo como um todo é dolorido. A escrita, por sua vez, não é menos indolor. Há que se ter o que dizer, antes mesmo de nos depararmos com a dificuldade do como dizer. Querendo ser inéditos descobrimos, com um certo desconforto, que não há o que não tenha sido dito. Resta-nos então dizer de outra maneira o que já foi dito, fugir às tentações do plágio , das palavras gastas, do lugar comum. Não nos sobra alternativa senão criar. Nada mais desafiador que uma folha em branco. Nada mais incômodo que a tentativa de ordenar os pensamentos que nos vêm em forma de palavras. Nada mais doloroso que tentar achar as palavras certas e ordená-las para que façam sentido. E aguardamos , inutilmente , a inspiração. Esperamos, ansiosamente, por um insight . E nada. Surgem várias primeiras frases mas nenhuma é suficientemente boa e acabam se acumulando na lixeira ou são impiedosamente deletadas do nosso computador. As mãos suam. A cabeça lateja. O coração dispara. Somatizamos a nossa impotência. Não , escrever não é fácil. Não há nada de simples no ato de transformar sentimentos, sensações, opiniões em palavra escrita. Mas arrisco a dizer, no entanto, que mais difícil que escrever, é escrever para alguém. O que nos assombra é a opinião alheia: o leitor. Basta lembrar a facilidade com que escrevíamos nossos diários adolescentes, nossas cartas de amor platônico, nossos poemas engavetados. Burlávamos nossa autocensura e criávamos nossas próprias regras deixando fluir , naturalmente, as palavras que jamais seriam lidas. Mas, inevitavelmente, crescemos e somos obrigados a redigir para nos fazermos entender, para nos comunicarmos, para defendermos nossas idéias e fazermos valer nossas opiniões. Escrevemos para sobreviver. Por isso, não desistam. Escrevam! Cartas, bilhetes, tratados, artigos, monografias, dissertações, teses.... Escrevam com a mesma paixão com que escreviam seus diários. Escrever é exercício. Não há remédio. Escrevam, mesmo que doa.

Texto escrito em 2009 para cadeira de Laboratório de texto.

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